As palavras-chave que o seu CV precisa para passar na triagem automática

Pode parecer impessoal, mas é real: antes de chegar aos olhos humanos, o seu CV pode ter de passar pelos olhos de um algoritmo. Os sistemas de triagem automática — conhecidos como ATS (Applicant Tracking Systems) — são hoje a norma em empresas de média e grande dimensão.

Se o seu CV não estiver optimizado com as palavras-chave certas, pode ser descartado antes sequer de ter sido lido.

Não se trata de “enganar o sistema”. Trata-se de falar a língua de quem procura — seja humano ou máquina.

O que são, afinal, os ATS?

Os ATS são softwares utilizados por departamentos de Recursos Humanos para organizar, filtrar e classificar candidaturas. A lógica é simples: o sistema compara o conteúdo do CV com os critérios definidos para a vaga (palavras, expressões, requisitos técnicos e comportamentais).

CVs que não “casam” com esses critérios são eliminados automaticamente ou despriorizados.

Mito comum: “Se tiver boas competências, vão-me chamar.”

Realidade: Se o seu CV não usar a linguagem certa, nem chega a ser considerado.

Porque são as palavras-chave tão importantes?

Porque o ATS não interpreta contexto — procura correspondências directas.

Exemplo: se uma vaga exige “gestão de projectos”, e o seu CV fala apenas em “coordenação de iniciativas”, pode não ser identificado como relevante. Mesmo que, na prática, o trabalho seja o mesmo.

Usar a terminologia correcta é a diferença entre ser visto ou descartado.

Onde encontrar as palavras-chave certas

  1. Na própria vaga anunciada – Leia a oferta com atenção – Suba o nível de leitura: que verbos são usados? Que competências são repetidas? Que softwares ou metodologias são referidos?
  2. Nos perfis de profissionais semelhantes ao seu no LinkedIn – Veja como descrevem funções similares – Quais as palavras que aparecem com frequência?
  3. Nos sites das empresas-alvo – Missão, valores, cultura — tudo isto oferece pistas linguísticas – Use essa linguagem para alinhar tom e terminologia

Tipos de palavras-chave que deve incluir

1. 

Competências técnicas (hard skills)

– Ferramentas específicas (Excel, SAP, AutoCAD, Salesforce, etc.)

– Linguagens de programação (Python, SQL, JavaScript)

– Certificações (PMP, Six Sigma, TOEFL)

– Metodologias (Scrum, Agile, Design Thinking)

Dica: use a nomenclatura exacta. Escrever “programas de folha de cálculo” em vez de “Excel” pode ser um erro.

2. 

Competências comportamentais (soft skills)

– Liderança

– Resolução de problemas

– Comunicação eficaz

– Colaboração

– Pensamento crítico

– Adaptabilidade

Importante: integre estas palavras de forma natural, no contexto de experiências reais. A repetição artificial pode ser penalizada.

3. 

Palavras associadas ao sector ou função

– “Onboarding”, “Customer Journey”, “Employee Experience”, “Pipeline de vendas”, “Retenção de talento”, “Due diligence”

– São termos usados em contextos específicos — não os invente, mas use os que fazem sentido para o seu histórico profissional

4. 

Verbos de acção

– Coordenei

– Supervisei

– Implementei

– Optimizei

– Desenvolvi

– Lançei

– Alcancei

Os verbos certos activam o algoritmo e conferem profissionalismo.

Onde colocar as palavras-chave no CV

Resumo profissional (no topo) — é um local privilegiado para colocar termos estratégicos

Secção de competências técnicas ou ferramentas utilizadas

Descrição das experiências profissionais — com contexto

Formação e certificações — com o nome exacto da entidade formadora

Evite listar palavras soltas sem contexto. Um CV eficaz incorpora as palavras-chave em frases que mostrem uso real dessas competências.

O que evitar

– Não enchas o CV de palavras-chave desconexas só para passar no filtro — o recrutador vai perceber

– Não uses termos técnicos que não dominas — se fores chamado para entrevista, serás questionado

– Não ignores a legibilidade — escrever para máquinas não significa perder a clareza humana

Num mercado cada vez mais automatizado, saber escrever para sistemas de triagem não é batota — é inteligência profissional. As palavras que usas no teu CV são sinais. Devem reflectir não só o que sabes, mas também o que os recrutadores estão à procura.

O objectivo não é aldrabar o algoritmo. É garantir que o que sabes fazer é reconhecido, detectado e valorizado.

Porque, para ser chamado à entrevista, primeiro tens de passar pelo crivo invisível. E isso começa nas palavras certas — colocadas nos sítios certos.

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